28 de julho de 2011

Cordel Desencantado




Cocino veio lá de Manaquiri
Tentar viver na grande cidade
Deixar de comer jaraqui
Antes que lhe corra a idade.

Veio todo contente
Pensando que cidade grande é mole
Acabou quebrando dentes
Inté longe o miserável tem má sorte

Foi pedir emprego na prefeitura
Lá se tornou zelador
Ele pensou: - Isso é casa de prostituta
Valei meu padin Ciço, isso aqui é um terror.

Na ausência de Vigíca sua flor
Resolveu zarpar
Longemente do terror
O xero de belle de jour* exalar

Em Manaquiri rolava a picuinha
De que Vigíca tinha outro
Pegava agora um tal de Mucurinha
Vali nossa senhora do socorro.

Infeliz e desmotivado
Cocino seguia
Sem destino e afortunado
Jurava que se agarantia.

De tamanha sofridão
No Bariri um rabeta apanhara
Rumo certo a Novo Airão
Antes mesmo que o rio secara

Nem saberá o que a sorte lhe reservara.

No meio do rio misterioso
Rabeta levou um banzeiro
Era um boto assombroso
Que o virou como arqueiro.

E Cocino morrera tão Severino
Sem Vigíca sua flor
Sem estado como ninho
Sua morte... Seu único amor.



A verdade sobre a vida é que você entra nela sozinho, e sai sozinho. "Cazuza"


*Vigica: Apelido de minha avó (Personagem fictício)

*Cocino: Nome de meu avô  (Personagem fictício)


*Música de Alceu Valença 


5 comentários:

  1. Um tanto triste a poesia. Gostei das rimas, nunca tinha lido uma poesia sua assim. Beijos Kikovisk

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  2. eu já disse q essa moça tem talento demais, gostei muitoo....xD

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  3. essa sua poesia me agradou muito, mais que as outras. A cada post fico mais admirada com seu talento. adorei a historia! continue escrevendo... continue amando, amante da poesia!

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  4. Outro texto enxuto, porém, sem enrolações.

    Menina, seus escritos me agradam demais.

    : )

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  5. Muito bom! Essa poesia, ainda terá muito eco. Talento não se discute.

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